De acordo com a Wikipédia a dislexia é um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração. É tida como o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas, em vários países, mostram que cerca de 10 a 15% da população mundial é disléxica.
É importante ressaltar que existem graus diferentes de dislexia e que ao contrário do que muitos pensam, a dislexia não é o resultado da má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição socioeconômica ou baixa inteligência, ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.
O que me motivou a escolher esse tema foi um aluno disléxico que freqüenta a 5º série sem qualquer condição, pois, sua verdadeira série, do ponto de vista da aprendizagem, seria, no máximo uma 2ª série.
O meu objetivo, com esse aluno, foi fazer com que ele conseguisse entender o que tratava o meu projeto sobre “Aquecimento Global”, o que, para minha total satisfação, aconteceu.
O conceito de dislexia é a dificuldade de leitura. O disléxico demonstra sérias dificuldades com a identificação dos símbolos gráficos, no início de sua alfabetização, o que acarreta fracasso em outras áreas que dependem da leitura e da escrita.
“ A dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição socioeconômica ou baixa inteligência, ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico”. ( site da ABD)
Como a dislexia é genética e hereditária, devem-se observar os pais e outros parentes que possam ser disléxicos, pois quanto mais cedo o diagnóstico for feito, melhor será para os pais, para a escola e a própria criança.
Apesar de inteligentes e de terem a oportunidade de freqüentarem escolas adequadas, essas pessoas não aprendem a ler e a escrever como se esperaria que o fizessem.
Também é importante destacar que existem graus diferentes de gravidade de dislexia, como, por exemplo, a que chamam de cegueira verbal congênita, causa de a pessoa chegar à vida adulta incapaz de entender uma só palavra, por mais simples que ela seja. Felizmente, essa não é a forma mais comum de dislexia. A mais comum é a pessoa apresentar uma inabilidade para decifrar códigos, o que acaba fazendo, mas, com muita dificuldade.
“Há o mito de que os disléxicos são mais inteligentes que os não-disléxicos. Einstein, Leonardo da Vinci, Shakespeare mostram que, apesar da dislexia, eram tão competentes que conseguiram fazer o que fizeram”. (site ABD)
Portanto, os disléxicos devem ser respeitados, embora não aprendam de acordo com o que se espera, não devemos rotulá-los de preguiçosos, incompetentes ou deficientes.
Embora, a dificuldade maior seja para a leitura e a escrita, existem outras que podem estar associadas; uma das mais freqüentes é a dificuldade de entendimento de um texto. Há disléxicos que lêem até razoavelmente bem, mas, têm dificuldade enorme para entender o que estão lendo. É o caso do aluno da 5º série em que faço estágio, ele acaba de ler uma frase e, quando pergunto do que se tratava ele não faz nem idéia do que estava escrito, escreve com muita dificuldade, apresenta letra ilegível, faz muita confusão com as letras, troca uma sílaba pela outra; por exemplo: em vez de “vaca”, escreve “cava”, sem se dar conta do que fez.
O educador deve saber que, dentre as dificuldades encontradas em uma pessoa com dislexia haverá sempre: dificuldades com a linguagem, a escrita; dificuldades com a ortografia, lentidão na aprendizagem da leitura, letra ilegível, dificuldade com a matemática, principalmente, na assimilação de símbolos e tabuadas; dificuldades na memória de curto prazo, como instruções, recados...; dificuldade com a percepção espacial e confusão com os sentidos de direita e esquerda.
Outro problema observado é a fácil dispersão, o fraco desenvolvimento da atenção, dificuldade com quebra-cabeça e a falta de interesse por livros impressos.
Importante afirmar é que frente a este distúrbio em sala de aula, tive de mudar toda a metodologia que eu já havia preparado mais objetiva.
A partir do momento em que eu comecei a buscar mais informações a respeito desse distúrbio, fui vendo a importância de não excluí-lo de certa forma, pois, a maneira como eu ia aplicar o meu projeto seria do entendimento da maioria, mas, não me conformei com o fato desse aluno “ficar de fora”, achei que seria injusto da minha parte.
É um erro rejeitar os indivíduos identificados como tendo dificuldades de aprendizagem. Ignorar essas crianças ou tratá-las como pessoas sem esperança é injusto e não é proveitoso para elas nem para a sociedade. Esses indivíduos estão longe de ser sem esperança, contanto que ela não lhes seja roubada. ( STENBERG,2003,P.17)
A solução encontrada foi a de uma aula expositiva, com objetos concretos, desenhos no quadro, sem muita escrita. Foi então que para simular o aquecimento global, (o aumento do efeito estufa), coloquei um pequeno globo terrestre dentro de pote plástico transparente com tampa, fomos todos para o sol e fui falando numa linguagem de fácil entendimento o que ocorre no aquecimento global, fiz desenhos no quadro, chamava a atenção para as partes fundamentais e consegui a atenção total.
“Os materiais de ensino ajudam os alunos a desenvolver habilidades de pensamento analítico, criativo e prático que eles podem aplicar diretamente a sua leitura”.
(STERNBERG ,2003, p. 107)
Considero a metodologia utilizada um tanto quanto satisfatória, pois, foi uma surpresa para mim esse aluno com dislexia ter compreendido o que é, e o que causa o aquecimento global. Quanto ao seu rendimento, pude perceber um interesse maior pela aula, até certa euforia, ele fez os desenhos colocando os nomes corretamente em cada lugar, fez perguntas interessantes, participou da interação; pois como forma de motivá-lo, coloquei-o como sendo parte dos fenômenos naturais. Pude sentir a satisfação daquela criança, até então, desprezada por parte dos professores da escola.
Distúrbios de aprendizagem são realmente distúrbios. Entretanto, com paciência, amor e atenção especial pessoas com distúrbio de aprendizagem podem aprender, sentindo-se bem a respeito delas mesmas. É o começo”.
(BAUER, 1997, p. 108)
Pude perceber, também, que os demais alunos aprenderam mais com a aula e, o mais importante, foi que eles acharam o máximo compreender de forma prática o que não entendiam lendo no livro.
Concluindo, a dislexia é, sim, um “problema” a ser resolvido, tanto pelos pais quanto pelo professor, juntamente com a ajuda de um profissional. É muito importante pensar que a criança não escolheu nascer com esse distúrbio, e que ela precisa da compreensão e ajuda de todos para que consiga desenvolver ainda que, mais lentamente que os considerados “normais”, suas habilidades. Pois, ao contrário do que muitos pensam, o disléxico sempre contorna suas dificuldades, encontrando seu caminho. Ele responde muito bem às situações que possam ser associadas a vivências concretas e aos múltiplos sentidos.
O objetivo de todo educador deveria ser ajudar essas crianças a extrair o máximo das suas potencialidades, motivá-las, fazendo elogios a cada acerto, e não discriminá-las a cada erro, pois, todo mundo tem um padrão de aptidões e dificuldades.
Esses indivíduos, com dificuldades específicas de aprendizagem, freqüentemente têm potencialidades consideráveis em outras aptidões, portanto, devem ser encorajados a se considerarem vitoriosos e não serem rotulados como pessoas não adaptadas a nossa sociedade.
Referências bibliográficas
BAUER, James J. Dislexia: ultrapassando as barreiras do preconceito, trad. Maria Ângela Nogueira Nico, São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.
JOSÉ, Elisabete A; COELHO, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1990.
STERNBERG, Robert J; GRIGORENKO, Elena L. Crianças Rotuladas, trad. Magda França Lopes, Porto Alegre: Artmed, 2003.
ABD – Associação Brasileira de Dislexia:
Disponível em : http://www.abd.com.br